sexta-feira, 30 de julho de 2010









Há muito tempo que não chove por aqui, a terra e principalmente o ar estão secos, não há umidade, e por esse motivo acabei pegando uma enorme alergia de poeira, seguida de um super resfriado que me deixou por uma semana sem sair de casa. Moro em uma fazenda, não posso me dar o luxo de ter essa frescurinha com poeira, fiquei pensando porque isso agora, nunca tive uma vida urbana e também nunca tive problemas com o ar seco, enfim, fui no médico tomar uma injeção antialérgica, entrei em uma salinha, só eu e o médico, desci minhas calças, não tenho mais constrangimento com isso, além de ele ser super profissional passo por isso todo mês no período menstrual, nem precisamos mais de preliminares, na verdade acho até que ele já cansou de ver a minha bunda, enfim, enquanto ele preparada a injeção eu estava relaxando o músculo de cara com um vaporizador de ar, me senti muito bem com aquela aguinha no meu rosto e antes que eu pudesse concluir meu pensamento, fui interrompida por uma picadinha ardida.


De volta pra casa, fiz um tal de chá de alho que me garantiram que era tiro e queda e fui dormir, acordei cheirando alho tendo piedade do pobre coitado que dividia a cama comigo, fui tomar um banho antes dele acordar, quando fui tirar o esparadrapo da minha bunda voltei a raciocinar o que a agulha me impediu, eu tenho um vaporizador de ar, por isso nunca tinha ficado doente antes, sempre que chegava nessa época de seca, minha mãe já estava fazendo rodízio nos quartos com o aparelho, desde que ela se foi o vaporizador não saiu do maleiro, isso me deu uma enorme saudade, a água que escorria nos meus cabelos se misturava com a água que saia do meu olho.


Quando choro, não choro por ela, choro por mim, eu sei que ela está bem, que sua cabeça agora está livre do câncer, que seu corpo está sem dor, choro por mim, por estar aqui sem ela, por ter que se acostumar a viver com sua ausência. Nos velórios as pessoas não choram por quem vai, choram por puro egoísmo de ter que existir sem aquela pessoa amada,é difícil aceitar que o mundo vai continuar existir sem ela, é difícil aceitar que você querendo ou não o dia amanhece e anoitece e a vida tem que continuar, mesmo fazendo da saudade uma presença constante no coração, não temos controle sobre isso, por mais que seu coração se quebre em mil pedaços o mundo não pausa para que a gente possa consertar antes de seguir em frente.


Eu posso ligar o vaporizador de ar sozinha, o Elvis me dá boa noite, meu pai traz remédio, aliás ainda bem que tenho meu pai ainda, não quero parecer mal agradecida por isso, seria bem pior sem meu pai,meu marido e o Cauan, aliás eu nem conseguiria sem eles, mas eu ainda sinto tanto a falta da minha mãe, já se passou um ano e 2 meses e ainda parece que vivo em um sonho, algumas vezes que o celular toca tenho a sensação de que vai ser ela, ainda acho que ela vai voltar de viagem, porque eu ainda preciso muito dela, ela está presente em tudo o que eu vejo, penso e faço, as vezes parece que tem uma mão enorme apertando o meu coração......mas eu sei que isso vai passar .... ou não.

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