domingo, 26 de setembro de 2010

Viver e não ter a vergonha de ser feliz.





Estava vendo um documentário sobre Richard Halliburton, um viajante aventureiro que ficou conhecido por façanhas como cruzar os Alpes Suíços montado em um elefante, voar de cabeça para baixo em um bi plano sobre o Taj Mahal, escalar montanhas, explorar selvas etc. Sua façanha mais conhecida foi a travessia, a nado, do Canal do Panamá, em 1928, sim vocês não leram errado, esse cara fez tudo isso em uma época que esse tipo de coisa não era nada comum (para mim isso continua sendo incomum) Richard levou 9 dias para concluir a travessia, e foi acompanhado por um atirador profissional, que estava em um bote preparado para disparar caso aparecesse algum crocodilo. Foi dado como morto em 1939, aos 39 anos, depois de desaparecer ao tentar cruzar o Pacífico de jangada.


Minha maior aventura foi em Ubatuba, mais precisamente na Praia Grande,quando eu entrei no mar e andei até a água cobrir meus joelhos,sem levar uma mordida de tubarão (sim eu tenho medo deles).


Minha vida não é nenhuma grande aventura comparada a Richard Halliburton, Chuck Norris, ou Manu Karsten, (de selvagem ao extremo), a vida é muito corrida, fiquei muito tempo sem postar aqui, e só percebi que já passamos da metade do ano ao preencher um cheque, as vezes vivemos um roteiro que nos impede de enxergar a beleza da rotina e o quanto viver, por si só, já é uma grande aventura.


A rotina deve ser surpreendente, ela nos oferece a oportunidade de fazer algo diferente no que já nos é tão familiar,depende de nós, fazer a vida mais interessante.


Dias desses zapiando canais, parei na canção nova , o padre Fabio de Melo disse que a rotina não delimita o ser humano,ao contrário, as pessoas se limitam nas ações rotineiras e vivem a resmungar e a se queixar da vida que levam porque não possuem a habilidade suficiente para driblar os desafios aos quais são submetidas. São testes, experiências imensuráveis, favores de Deus.


É fato que só valorizamos alguém ou algo quando não mais encontramos ou perdemos e não temos mais sob o nosso controle aquilo que imaginávamos não ter importância,só valorizamos a vida quando estamos impedidos de viver nossa liberdade; consideramos a família quando estamos muito longe de nossas casas; enaltecemos nossos pais quando já não fazem parte do nosso convívio,enchemos os pulmões e estufamos o peito para falar bem de nosso País quando estamos longe de nossos conterrâneos, de nossa terra e nossas origens.


O fato de eu amar a minha rotina,não significa que eu não saia dela nunca, "sair da rotina" é necessário para que ao longo da vida, nossa biografia não acabe sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos, mesmo porque inevitavelmente, algum momento da vida,seremos obrigados a sair da rotina por algum motivo ruim.


Ontem fui assistir a uma peça de teatro com uma amiga, por ser comédia, rimos o espetáculo todo, e ao sair de lá não foi diferente, e depois de alguns chops nem lembrávamos mais porque estávamos rindo tanto, a ponto de doer a barriga e sair lágrimas dos olhos, estávamos rindo sem ninguém ter contado uma piada, estávamos rindo sem cócegas, estávamos rindo de nós mesmas, e rindo alto , tanto que as pessoas olhavam para trás para verem o que estava acontecendo, não nos importamos com isso, e olha que detestamos chamar a atenção, mas se for pelas risadas, pouco me importo, ainda torço para contaminar o ambiente.


Eu até tentaria explicar do que estávamos rindo, mas explicar pra que? Ninguém acharia graça mesmo, afinal, qual o sentido de rir do nada, sem motivo ou razão? A verdade é que a vida já nos deu tanto motivo para chorar, que agora não precisamos de motivos para sorrir, basta estar tudo bem,da mesma forma que nunca precisei fazer esforço para chorar, não tenho dificuldade nenhuma de gargalhar, se até as lágrimas rolam soltas, por que as risadas também não podem?


No caminho de volta pra casa, depois de recuperar o fôlego, fiquei pensando em quantas pessoas ainda são capazes de sorrir assim. Se sorrir não fosse um estado de espírito, eu guardaria essas gargalhadas dentro de um potinho fechado, só para poder abrir toda vez que eu precisar lembrar o que desaprendi, e ouvir uma gargalhada daquelas sempre que eu esquecer de como se faz para sorrir,porque nos esquecemos mesmo e só lembramos quando temos uma deliciosa noite como eu tive e comentamos: "Nossa, não me lembro a última vez que eu ri tanto assim…"


Não minha vida não é uma aventura como a de Richard Halliburton, Chuck Norris, ou Manu Karsten,eu tenho responsabilidades que me levam a rotina, e raramente posso sair dela, mas isso não a torna menos interessante ou divertida, eu to viva,não basta apenas existir, viver já é uma grande aventura.




O Que É, O Que É?


Gonzaguinha


Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...


Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...


Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...


E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!...


E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...


Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...


Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...


Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...


Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...


Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...


E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...